È uma realidade na qual a Igreja sempre acreditou. A "comunhão dos santos" se baseia no batismo: por este sacramento nós passamos a fazer parte do Corpo Místico de Cristo. Estamos todos para sempre unidos a Ele. Cristo é a Cabeça, e a união a Ele é a felicidade e realização dos membros do Corpo. Dele provém a vida que anima todos os membros, e essa vida é o seu amor. Por conseguinte, se estamos todos unidos a Cristo, estamos todos unidos entre nós. Existe uma união real entre os irmãos que já morreram e nós que ainda estamos nesse mundo. E como todo corpo unido e vivo, existe uma verdadeira comunicação de bens espirituais entre as partes desse corpo, pois o Amor une todos os seus membros.
Em comunhão todos partilham seus bens
Como se dá essa comunicação de bens espirituais? Quando rezamos por alguém que está precisando de uma graça de Deus, está havendo uma comunicação de um bem espiritual entre nós e essa pessoa., pois Deus ouve a nossa oração e concede a essa pessoa alguma coisa. É Deus que nos une. Primeiro porque foi ele, autor de todo bem, a inspirar essa boa ação, e depois foi ele a realizar o que se pedia. Seu Amor, além de inspirar e realizar, uniu essas pessoas. O Amor cria comunhão. O mesmo acontece quando rezamos pelos falecidos que estão no purgatório. Terminada a sua purificação gozarão de Deus face a face, e também intercederão por nós junto a Ele. Todas essas coisas acontecem por conta da comunhão e fraternidade que nos une em uma mesma família. Outra conseqüência é que quando um dos membros cresce, irradia benefícios a todo o corpo; quando ele se prejudica, todos sofrem com essa perda. Assim, minha generosidade para com Deus e as outras pessoas traz benefícios a todos, enquanto que minha mesquinhez o contrário.
Ajuda fraterna
Quando pedimos a intercessão de algum santo também ocorre essa comunicação de bens espirituais: como eles já estão profundamente unidos a Cristo, com sua oração obtêm para nós grandes auxílios. São nossos irmãos, nos amam loucamente, e Deus mesmo é quem inspira essa união íntima e familiar. O objetivo é um só: a maior união a Cristo, Cabeça do Corpo Místico. Quando São Domingos estava morrendo, vendo a tristeza dos seus frades, desconsolados por tão grande perda, disse: "Não choreis! Ser-vos-ei mais útil após a minha morte e ajudar-vos-ei mais eficazmente do que durante a minha vida" (Catecismo da Igreja Católica, no. 956, p. 230).
Unidos rumo ao mesmo objetivo
Além da intercessão, do pedido de ajuda, a comunhão dos santos nos lembra um outro aspecto. Santa Teresinha conta em sua autobiografia da sua devoção por uma outra santa, Santa Cecília: "era uma verdadeira ternura de amiga...Tornou-se a Santa de minha predileção, minha íntima confidente" ("História de uma alma", p. 143). Quem encontra um amigo encontra um tesouro. Essas amizades sugerem uma comparação, como nos mostra o Concílio Vaticano II: "Assim como a comunhão entre os cristãos da terra nos aproxima de Cristo, da mesma forma o consórcio com os santos nos une a Cristo, do qual como de sua fonte e cabeça promana toda a graça e a vida do próprio Povo de Deus" (Lumen Gentium, 50). O que isso quer dizer? O auxílio que recebemos dos santos não vem só da sua intercessão, onde eles nos obtém graças de Deus, mas da comunidade fraterna que eles formam entorno a Cristo. É fácil nós vermos isso quando participamos de uma comunidade cristã, onde nos sentimos encorajados e fortalecidos na nossa caminhada de fé. A comunidade é apoio para todos os membros individuais, e crescemos no nosso amor e serviço a Cristo. O mesmo acontece com a comunidade dos santos: apoiados por eles, nossos irmãos mais velhos, partilhamos sua dedicação a Deus, seu exemplo de fé, de esperança e de caridade. Nos fortalecemos em nossa maior união a Cristo. Boa convivência, bons exemplos, bons conselhos e alegria fraterna, tudo isso nos estimula a caminhar mais para Deus. O amor contagia, arrasta para Deus.
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