Destacar os santos brasileiros não é competição ou desconsideração com os nossos santos europeus, pelo contrário. É constatação de que eles são nossos verdadeiros irmãos, e compartilhamos a mesma herança e bem-aventurança. Fazemos parte do mesmo Corpo Místico, da mesma Igreja. A santidade continua seu caminho e ganha novas cores e acentos.
O esforço missionário europeu chegou ao Brasil por tantos 'Anchietas' e aqui vingou, criou raízes. O Espírito Santo sopra onde quer, e nada pode detê-lo...Sua ação não conhece fronteiras. Já tivemos a futura nação banhada com o sangue dos Beatos mártires Inácio Azevedo e seus 39 companheiros jesuítas. Com os imigrantes europeus vieram para nossas terras homens e mulheres cheios de fé e esperança, confiantes em Deus, que olha pelos pequenos e necessitados. Aos imigrantes europeus se juntaram os imigrantes do mundo inteiro. Essa é a história de Santa Paulina, a primeira santa brasileira, nascida na Itália. Mesmo Beato Frei Galvão, considerado o primeiro beato nascido no Brasil, e tataraneto do Bandeirante Fernão Dias Pais, é filho de pai imigrante português.
A santidade criou raízes no Brasil Nós, nossos pais, nossos avós, todos temos um pouco, ou mesmo muito, do sangue dos imigrantes que povoaram o Brasil. E com uma diferença: todos já temos o jeitinho brasileiro de ser. Assim são os nossos santos, filhos da imigração, herdeiros da fé dos pais e santos como eles. São brasileiros porque nasceram aqui ou chegaram a pouco tempo, não importa, mas todos marcados com o nosso modo de ser que deixa 'saudades'. Não temos somente mazelas, temos também virtudes como todas as nações da terra. Em nossa realidade concreta, brasileira, o Espírito Santo moldou muitos exemplos para vivenciarmos o Evangelho, ensinando-nos a enfrentar desafios e criar novos horizontes. Os santos sempre inovaram e criaram novas perspectivas, pois eram dóceis às inspirações de Deus. Santa Paulina não sentou em seu escritório e idealizou uma congregação feminina e um determinado tipo de trabalho: como jovem sensível e generosa, ela foi socorrer uma cancerosa, em uma região desprovida de recursos. O amor de Deus lhe mostrou como agir, e ela foi em frente.
Um presente de Deus ao Brasil e ao mundo Nossa Igreja é católica, e essa palavra quer dizer universal. O mesmo Espírito Divino que animou a Igreja em outras partes do mundo e forjou os santos que amamos, anima a Igreja aqui presente desde o início do nosso país, nascido sob o signo da Cruz, e continua forjando santos como sempre. Quando uma pessoa é declarada santa, significa que deve ser venerada com devoção por toda a Igreja Católica, ou seja, universalmente, nas Igrejas de todo o mundo. Assim, o aspecto mais importante não é o seu país de origem, a sua nacionalidade, ou língua, cultura, etc., mas a sua santidade, o fato de ser um dom de Deus para a Igreja do mundo inteiro, e não somente para um certo número de pessoas ou uma região específica. Desse modo, quando falamos em "Santos do Brasil", ou "Santos Brasileiros", não estamos dizendo que o aspecto principal a ser valorizado seja a sua brasilidade. Não é o Brasil que fez com que eles se tornassem santos, nem é o fator que dá a essas pessoas a sua grande distinção. Nem queremos dizer que são exclusivos nossos, pois, se são santos, são do mundo inteiro. Na verdade, o sentido poderia ser mais o de "Santos no Brasil": dom de Deus para toda a Igreja, e para nós, brasileiros, um exemplo e estímulo todo especial a aprofundarmos a nossa fé.Mas é preciso aprofundarmos mais o que os santos significam para nós, e porque a Igreja os cerca de tanta veneração. São muito mais que um exemplo ilustre...
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